segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Império Franco

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Império Franco
A maioria dos reinos bárbaros formados a partir da destruição do Império Romano do Ocidente teve vida curta. Saxões, visigodos, ostrogodos alamos, burgúndios e outros povos não resistiram às pressões externas e acabaram dominados ou destruídos. Apenas os francos conseguiram se estruturar e fincar raízes na Gália. Depois expandiram seus domínios sobre territórios que hoke correspondem à França, Alemanha, Bélgica, Itália e mais oito países da Europa. A palavra franco vem do alemão antigo frekkr e significa forte, ousado, corajoso. Essas eram exatamente as qualidades que Carlos Magno procurava ostentar como o maior soberano dos francos e grande guerreiro cristão. Por isso, Carlos Magno foi coroado pelo papa Leão III com o título de Imperador na tentativa de resgatar a autoridade do antigo Império Romano.
De todos os povos bárbaros germânicos, os francos merecem especial atenção, pois conseguiram estruturar um poderoso Estado de grande significação na Alta Idade Média européia. Esse Estado franco formou-se e expandiu-se sob o governo de duas dinastias:
Dinastia dos Reis Merovíngios (século V a VIII) - período da formação do reino franco, das suas primeiras expansões territoriais e da aliança estabelecida entre o rei e a Igreja Católica Romana.
Dinastia dos Reis Carolíngios (século VIII e IX) - período do apogeu dos francos, da sua máxima expansão territorial e da tentativa de se fazer ressurgir, sob o governo dos francos, a autoridade de um império universal.
Os Merovíngios
Meroveu foi líder dos francos na primeira metade do século V, chefiando seu povo na luta contra os hunos (Batalha dos Campos Catalúnicos). Por descender de Meroveu, a primeira dinastia dos reis francos é dominado merovíngia.
Em termos efetivos, o primeiro rei merovíngio foi Clovis (neto de Meroveu), que governou durante vinte nove anos (482-511). Clovis conseguiu promover a unificação dos francos, expandiu seus domínios territoriais e converteu-se ao cristianismo católico.
Depois da morte de Clovis, seus quatro filhos dividiram o reino franco, enfraquecendo-o politicamente. Somente com o rei Dagoberto (629-639) houve uma nova reunificação dos francos. Entretanto, após sua morte surgiram novas lutas internas que aceleraram o desmoronamento do poder dos reis merovíngios.
Os sucessores de Dagoberto tiveram seus poderes absorvidos por um alto funcionário da corte, o prefeito do palácio (mordomo do paço) que, na prática, desempenhava o papel do verdadeiro rei. Quando aos reis merovíngios, assumiram uma vida de prazeres e de ociosidade, o que lhe valeu o título de reis indolentes.
No final do século VII, o mordomo do paço Pepino de Herstal (679-714) tornou seu cargo hereditário. Seu sucessor, Carlos Martel (714-741), adquiriu grande prestigio e poder, principalmente depois de conseguir deter o avanço dos árabes muçulmanos em direção à Europa Ocidental.
Foi na famosa Batalha de Poitiers, em 732 que Carlos Martel venceu o emir árabe Abderramã, contando com os esforços da infantaria dos francos. Interrompendo o avanço dos muçulmanos em direção à Europa, Carlos Martel ficou conhecido como o salvador da cristandade ocidental.
Ao morrer, Carlos Martel repartiu seus domínios entre seus dois filhos: Carlomano e Pepino. Em 747 Carlomano entrou para a vida monástica, deixando para Pepino todos os poderes políticos deixados pelo pai. Em 751, Pepino destronou o último e enfraquecido rei merovíngio, Childerico III, e fundou a dinastia carolíngia.
Os Carolíngios
Pepino, o Breve, obteve o reconhecimento do papa Zacarias para o destronamento do último rei merovíngio, que se recolheu a um mosteiro. Eleito rei de todos os francos, Pepino foi abençoado solenemente pelo arcebispo Bonifácio, representante do papa.
Antes de morrer, 768, Pepino dividiu reino entre seus dois filhos: Carlos Magno e Carlomano. Porém, três anos após receber sua parte no reino (771), Carlomano morreu e Carlos Magno tornou-se soberano absoluto do reino franco. Através de diversas guerras, Carlos Magno ampliou os domínios dos francos, apoderando-se de regiões como a Soxônia, Baviera, Lombardia e quase toda a Itália. Suas conquistas trouxeram-lhe prestígio e poder.
Império Carolíngio

A Igreja católica aliou-se a Carlos Magno, pois desejava a proteção de um soberano poderoso e cristão que possibilitasse a expansão do cristianismo. Assim, no dia 25 de dezembro de 800, Carlos Magno recebeu do papa Leão III o título de imperador do Sacro Império Romano.
Foi uma cerimônia pomposa e solene, que pretendia reviver, através do novo imperador, a autoridade do Império Romano do Ocidente, desaparecido em 476 com as invasões germânicas. Desse modo, Carlos Magno foi coroado como legítimo sucessor dos grande imperadores romanos.
A princípio, o Império Bizantino não recolheu o título concedido a Carlos Magno. O imperador bizantino Miguel I exigiu, para dar seu reconhecimento, concessões territoriais da região da Dalmácia e da Ístria.
 A Administração do Império
O império Franco não tinha capital fixa. Sua sede dependia do lugar onde se encontrava o imperador e sua corte. De modo geral, Carlos Magno permanecia por maior tempo na cidade de Aquisgrã (Aix-la-Chapelle).
Procurando dar uma organização mais adequada aos usos e costumes vigentes no império, Carlos Magno baixou normas escritas conhecidas como capitulares.
Condes, Marqueses e Missi-Dominici
Carlos Magno criou subdivisões administrativas, encarregando os condes, os marqueses e os missi-dominici de controlá-las.
Cabia aos condes, responsáveis pelos territórios do interior (condados), fazer cumprir as capitulares e cobrar os impostos em nome de Carlos Magno.
Aos marqueses, cabia defender e administrar os territórios situados nas fronteiras do império, isto é, as marcas.
Os missi-dominici, inspetores reais, viajavam por todo o império e tinham plenos poderes para controlar a ação dos administradores locais.
O Beneficium e os Vassalos do Rei

Durante o governo de Carlos Magno, muitas terras do império foram concedidas em beneficium a diversos nobres locais. Esses nobres tornavam-se, então, vassalos do rei, tendo para com ele dever de fidelidade. Por estarem na condição de vassalos diretos do rei, muitos desses nobres se recusavam a obedecer às instruções de autoridade administrativas, como os missi-dominici.
Essa atitude dos nobres foi um importante elemento para a formação da sociedade deudal, com fragmentação do poder nas mãos de diversos nobres senhores de terra, unidos apenas pelos laços de vassalagem.
A Renascença Carolíngia
Guerreiro audacioso, Carlos Magno dedicou-se, durante toda a vida, muito à espada do que ao cultivo do espírito, permanecendo analfabeto praticamente até a idade adulta. Entretanto, na qualidade de administrador, preocupou-se em promover o desenvolvimento cultural do Império Franco, talvez para dar legitimidade à pretendida recriação do Império Romano Ocidental.
Assessorado por intelectuais, como o monge Alcuíno, o bibliotecário Leidrade e os historiadores Paulo Diácomo e Eginardo, Carlos Magno abriu escolas e mosteiros, estimulou a tradução e a cópia de manuscritos antigos e protegeu artistas.
Assim, o período de seu governo foi marcado por significativa atividade cultural, que abrangeu os setores das letras, das artes e da educação. Trata-se da chamada renascença carolíngia, que contribuiu para a preservação e a transmissão de valores da cultura da Antiguidade Clássica.
A Divisão e a Decadência do Império
Ao morrer, em 814, Carlos Magno deixou o poder imperial para seu filho Luís I, o Piedoso, No reinado de Luís I, o Império Carolíngio ainda conseguiu manter sua unidade política, mas após sua morte, em 840, o império foi disputado por seus filhos, numa desgastante guerra civil.
Pelo Tratado de Verdun, assinado em 843, os filhos de Luís I firmaram a paz, estabelecendo a seguinte divisão do Império Franco:
Carlos II, o Calvo, ficou com a parte ocidental, compreendendo a região da Franca atual;
Luís, o Germânico, ficou com a parte oriental, compreendendo a região da Alemanha atual;
Lotário ficou com a prte central, compreendendo regiões que estendiam da Itália até o mar do Norte.
Em cada uma dessas regiões carolíngias foi perdendo o poder, com as sucessivas divisões internas dos reinos. Assim, a ora de unidade política realizada por Carlos Magno não conseguiu sobreviver um século depois de sua morte.
Causas da decadência: crise e invasões
O desmembramento do poder real dos monarcas carolíngios foi acompanhado pela crescente independência e autonomia da nobreza agrária. Houve forte descentralização e fragmentação do poder político, evidenciando a crise interna vivida pelo império.
Depois de um período sem invasões, a Europa cristianizada sofreu uma série de novas invasões, nos século IX e X, em três grande frentes: leste, norte e sul.
Do leste vieram os húngaros (magiares), que promoveram ataques periódicos, saqueando vilas, mosteiros e propriedades rurais.
Do norte ocorreu a invasão do vikings (escandinavos), que, vindos da Dinamarca pelo mar do Norte, lançaram-se em constantes ataques de pirataria locais do litoral europeu. Em 911, o rei franco Carlos, o Simples, cedeu a um dos chefes cikings, Rollon, o território da Normandia. Em contrapartida, Rollon tornou-se vassalo do rei franco.
Pelo sul chegaram os árabes, de religião muçulmanos, que, dominando a navegação pelo mar, Mediterrâneo, lançaram-se em sucessivos ataques de pilhagem e diversas regiões da Itália (Roma, Campânia e Lácio) e as grandes ilhas (Sicília, Córsega e Sardenha).
O renomado historiador Henri Pirenne defende a tese de que o comércio entre Europa e Oriente continuou ativo, ainda que enfraquecido, mesmo com o fim do Impéiro Romano do Ocidente. Só com o estabelecimento do domínio árabe no mar Mediterrâneo é que houve forte retração no comércio europeu-oriental:
"O fato de a expansão islâmica ter fechado o Mediterrâneo, no século VII, teve como resultado a rapidíssima decadência do comércio. No decorrer do século VIII, os mercadores desapareceram em virtude da interrupção do comércio. A vida urbana, que ainda permanecia, graças a esses mercadores, malogrou ao mesmo tempo.
Manifestou-se, então, um empobrecimento geral. O numerário de ouro, herdado dos romanos, desapareceu, sendo substituido pela moeda de prata dos carolíngios. Essa é uma prova evidente do rompimento com a economia antiga caracteristicamente mediterrânea".
A Formação das Sociedades Feudais
O clima de insegurança e de intranqüilidade espalhado pela onde de invasões conduziu os cristãos europeus a construir vilas fortificadas e castelos cercados com grandes estacas.
Todo esse sistema defensivo criado pela iniciativa particular dos nobres de cada região demonstrava a falta de poder dos reis para organizar a defesa da sociedade como um todo. Cada um defendia-se como podia, associando-se a senhores mais poderosos, em busca de proteção. Nesse sentido, as "invasões" assinalaram uma data essencial na formação das sociedade feudais do ocidente.

domingo, 28 de agosto de 2011

Império Bizantino e Império Árabe

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Império Bizantino
                O colapso do Império Romano sentiu um de seus maiores golpes quando, em 395, o imperador Teodósio dividiu os territórios em Império Romano do Ocidente e do Oriente. Em 330, o imperador Constantino criou a cidade de Constantinopla no local onde anteriormente localizava-se a colônia grega de Bizâncio. Não sentido os reflexos da desintegração do Império Romano, a cidade de Constantinopla aproveitou de sua posição estratégica para transformar-se em um importante centro comercial.

Império Bizantino em 550. Com a fim do reino ostrogodo, a Itália caiu no domínio bizantino

                Cercada por águas e uma imponente fortificação, a cidade de Constantinopla tornou-se uma salvaguarda aos conflitos que marcaram o início da Idade Média. Com o passar do tempo, o Império Bizantino alcançou seu esplendor graças à sua prosperidade econômica e seu governo centralizado. No governo de Justiniano (527 – 565), o império implementou um projeto de expansão territorial que visava recuperar o antigo esplendor vivido pelo Antigo Império Romano.
                Ao longo de seu reinado, Justiniano conseguiu conter o avanço militar dos persas e búlgaros sob a região balcânica. Logo depois, empreendeu a expulsão dos vândalos do Norte da África. Mais tarde, deu fim à dominação gótica na Península Itálica e tomou a Península Ibérica dos visigodos. Apesar de chegar a reagrupar os antigos domínios da Roma Antiga, Justiniano não conseguiu resistir às novas invasões dos povos germânicos na Europa e a dominação árabe no Norte da África.
                No plano político, Justiniano buscou a formulação de leis que se inspiravam nos antigos códigos jurídicos romanos. Formando um conjunto de juristas influenciados pelo Direito Romano, Justiniano compilou um grupo de leis que formaram o chamado Corpo do Direito Civil. Apesar de empreender a ampliação dos domínios do império, Justiniano foi vítima de uma grande conturbação. Na Revolta de Nika (532), vários populares organizaram um movimento em protesto contra as pesadas cargas tributárias e o grande gasto empreendido nas campanhas militares.
                Mesmo contando com essa aproximação do mundo romano, o Império Bizantino sofreu influência dos valores da cultura grega e asiática. Um dos traços mais nítidos dessa multiplicidade da cultura bizantina nota-se nas particularidades de sua prática religiosa cristã. Divergindo de princípios do catolicismo romano, os cristãos bizantinos não reconheciam a natureza física de Cristo, admitindo somente sua existência espiritual. Além disso, repudiavam a adoração de imagens chegando até mesmo a liderarem um movimento iconoclasta.
Essas divergências doutrinárias chegaram ao seu auge quando, em 1054, o Cisma do Oriente estabeleceu a divisão da Igreja em Católica Apostólica Romana e Ortodoxa. Dessa forma, a doutrina cristã oriental começou a sofrer uma orientação afastada de diversos princípios do catolicismo tradicional contando com lideranças diferentes das de Roma.
                Na Baixa Idade Média, o Império Bizantino deu seus primeiros sinais de enfraquecimento. O movimento cruzadista e a ascensão comercial das cidades italianas foram responsáveis pela desestruturação do Império. No século XIV, a expansão turco-otomana na região dos Bálcãs e da Ásia Menor reduziu o império à cidade de Constantinopla. Finalmente, em 1453, os turcos dominaram a cidade e deram o nome de Istambul, uma das principais cidades da Turquia.

Império Árabe
                Na Arábia coexistiram duas civilizações: ao sul viviam grupos sedentários, que se dedicavam à agricultura e ao comércio; ao sul ficavam os beduínos, nômades que viviam no deserto praticando o pastoreio. Ambos eram politeístas, isto é, acreditavam em vários deuses. O contato com os hebreus e cristãos fez com que os beduínos adotassem uma divindade suprema, que eles chamavam de Alá, sedimentando os terrenos para o islamismo.
A Caaba, ainda hoje reverenciada pelo Islã

                Segundo a tradição islâmica, no século VII, Maomé recebeu a missão de pregar a vontade de Alá, afirmando como deus único, eterno, criador de tudo o que existe. Mas a nova doutrina encontrou resistência dos sacerdotes de Meca, cidade de peregrinação, onde está o templo da Caaba, que os árabes visitavam para cultuar seus ídolos.
Em virtude da oposição dos sacerdotes, em 622, Maomé transferiu-se para Yatrib, que passou a ser chamada de Medina. Esse fato é conhecido como hégira (fuga), e o ano 622 do calendário cristão passou a ser considerado o primeiro ano do calendário islâmico. Em 630, quando já havia consolidado sei poder político e religioso, Maomé formou um excército, invadiu Meca e destruiu os ídolos que ficavam na Caaba.
                Depois de se expandir pela península Arábica, nas décadas seguintes à morte de Maomé, o islã se alcançou  o norte da África, chegando até a península Ibérica, onde hoje é Portugal e a Espanha.


Império Árabe em sua máxima extensão
                O islamismo defende a tese da predestinação, segundo a qual as pessoas ocupam no mundo um lugar predeterminado por Alá. A doutrina islâmica está formulada no Corão, ou Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos.
Expansão da cultura árabe
Durante o período de conquistas, ampliaram seu conhecimento através da absorção das culturas de outros povos, levando-as adiante a cada nova conquista. Foram eles que espalharam pela Europa grandes nomes como o de Aristóteles e também outros nomes antiguidade grega. Eles fizeram ainda importantes avanços e descobertas médicas e cientificas que contribuíram com o desenvolvimento do mundo ocidental.
No campo cultural, artístico e literário deixaram grandes contribuições. A cultura árabe caracterizou-se pela construção de maravilhosos palácios e mesquitas. Destacam-se, nestas construções, os arabescos para ilustração e decoração. A literatura também teve um grande valor, com obras até hoje conhecidas no Ocidente, tais como: As mil e uma noites, As minas do rei Salomão e Ali Baba e os quarenta ladrões.